TV Globo 60 anos: 60 horas de programação especial com novelas, bastidores e mega show
ago, 22 2025
Durante quatro dias, a televisão aberta virou palco de uma maratona rara: 60 horas seguidas para celebrar um marco que atravessa gerações. A TV Globo 60 anos ganhou corpo no ar entre 24 e 28 de abril com uma curadoria que misturou memória, bastidores e estreia, sem cara de museu. Teve reencontro de apresentadores, novela mexendo no próprio roteiro, telefilmes inéditos e um espetáculo final com mais de 400 artistas nos Estúdios Globo, no Rio.
O que foi ao ar nas 60 horas
A largada foi dada com um aquecimento bem brasileiro: o Vídeo Show voltou em edição especial, logo depois de Vale Tudo. Com direção de Dani Gleiser e roteiro de Bia Braune, a bancada reabriu para nomes que marcaram época — Miguel Falabella, Cissa Guimarães, Angélica, André Marques, Otaviano Costa, Monica Iozzi e Joaquim Lopes. O programa resgatou quadros que o público sabe de cor, como o Falha Nossa e o Túnel do Tempo, passeando por cenas que formaram o imaginário da teledramaturgia.
O humor entrou pelos corredores com Paulo Vieira guiando uma volta pelos Estúdios Globo, mostrando a engrenagem que não aparece no ar: cidades cenográficas, oficinas, camarins e a força-tarefa de gravação que faz novela, série e entretenimento rodarem ao mesmo tempo. Em outra ponta, jornalistas da casa explicaram o que televisão ainda é capaz de fazer quando precisa informar e emocionar, lembrando coberturas que pararam o país.
Na sexta, o Globo Repórter mergulhou na própria linha do tempo da emissora. Em vez de um especial autoelogioso, a proposta foi revelar tropeços, decisões de risco e bastidores que moldaram a transmissão ao vivo, o jornalismo 24/7 e a ficção de fôlego. Vieram à tona processos de arquivo e restauração de imagens, mudanças de tecnologia que levaram o HD à rotina e a evolução de linguagem que trocou a locução solene pelo tom de conversa.
A maratona se espalhou pelas atrações tradicionais, que ganharam versões comemorativas. É de Casa, Altas Horas, Domingão com Huck e Caldeirão com Mion abriram espaço para convidados de várias fases, com encontros improváveis e quadros revisitados. A lógica era simples: manter o DNA de cada programa e, ao mesmo tempo, conectar o passado com a televisão que está sendo feita agora. Nesse fio, desfilou memória viva — de humoristas a autores, de atletas a repórteres de guerra.
As novelas entraram na festa sem quebrar a trama. Na faixa das seis, Tony Ramos fez uma participação especial em Garota do Momento interpretando Roberto Marinho, o fundador da Globo, como um contraponto afetivo dentro da narrativa. Às sete, Volta por Cima se despediu no sábado, abrindo caminho para a estreia de Dona de Mim no dia 28, de um jeito orgânico: o aniversário virou assunto dentro da grade, não um bloco à parte.
Na Sessão da Tarde, a emissora exibiu dois telefilmes produzidos especialmente para a data. Coisa de Novela, escrito por Lívia Leite, Renata Andrade e Thais Pontes, com direção de Manuh Fontes, brincou com a meta-história de quem vive dentro e fora do set — os clichês que o público conhece, e a engenharia humana necessária para torná-los críveis. Já Fábrica de Sonhos, dirigido por Patricia Pedrosa e Guel Arraes, com roteiro de Jorge Furtado, acendeu o farol no processo criativo: da página em branco ao primeiro take, passando por oficina de figurino, marcação de cena e aquela tensão de véspera que só quem grava entende.
A apoteose veio no Show 60 Anos, no dia 28. Foi um especial de TV com cara de festival: números musicais que revisitavam aberturas e trilhas, cenas marcantes encenadas ao vivo, blocos dedicados ao jornalismo e ao esporte e um grande mosaico de quem já passou pela casa. A cena foi montada nos Estúdios Globo, o antigo Projac — o complexo que nasceu do sonho de transformar produção em escala industrial sem perder o sotaque brasileiro. O palco teve entradas de veteranos e novos nomes, heróis e vilões icônicos reaparecendo lado a lado, e um fio de homenagem a equipes técnicas que raramente ganham os holofotes.
Esse desenho teve uma intenção clara: celebrar sem congelar o passado. Entre um tributo e outro, a grade sinalizou o que vem pela frente — novas temporadas, projetos originais e uma integração maior com o digital. A festa coube na TV aberta, mas se desdobrou em conteúdos extras nas plataformas da emissora, multiplicando bastidores, depoimentos e trechos estendidos para quem quisesse ir além do horário da exibição.
- Reencontro do Vídeo Show com apresentadores históricos e quadros clássicos.
- Globo Repórter em formato de making of da própria emissora, com histórias e desafios de seis décadas.
- Edições comemorativas de atrações de auditório com convidados que marcaram a TV.
- Participação de Tony Ramos como Roberto Marinho em Garota do Momento.
- Final de Volta por Cima no sábado e estreia de Dona de Mim em 28 de abril.
- Telefilmes inéditos: Coisa de Novela e Fábrica de Sonhos na Sessão da Tarde.
- Show 60 Anos reunindo mais de 400 artistas e equipes de Entretenimento, Jornalismo e Esporte.
Por que este aniversário importa
Seis décadas depois, a Globo ainda ocupa um lugar difícil de replicar: é uma fábrica de histórias, um centro de jornalismo e um laboratório tecnológico sob o mesmo teto. A comemoração de 60 horas reforça um princípio que ajudou a emissora a se manter relevante por tanto tempo — a capacidade de conversar com o país inteiro, da novela das seis ao plantão da madrugada, sem perder unidade.
No entretenimento, a teledramaturgia se consolidou como cartão de visita. Da exportação de novelas à formação de autores e diretores, a emissora criou uma escola própria de narrativa. O retorno do Vídeo Show, por mais curto que tenha sido, funcionou como espelho: o público gosta de ver o truque, de saber como se faz uma cena, de rir do erro que humaniza quem está no vídeo. Os telefilmes inéditos entraram nessa mesma chave, aproximando a plateia do backstage.
No jornalismo, a festa não ignorou a responsabilidade. Ao revisitar coberturas que moldaram a linguagem da TV, a programação sublinhou o papel do ao vivo, da checagem e da redundância técnica que sustenta grandes operações. Entre um quadro e outro, ficou evidente o quanto a mudança de tom — do distante para o conversado — ajudou a notícia a circular sem perder rigor.
O esporte também teve sua faixa de homenagem. Não apenas pelos gols e narradores que criaram bordões, mas pela virada tecnológica que colocou transmissões mais leves no ar, com uso de unidades móveis compactas, recursos de realidade aumentada e narração multicanais. O recado é que a cobertura de grandes eventos não é mais um produto único, e sim um ecossistema que conversa com a TV, o streaming e o celular ao mesmo tempo.
Há ainda um aspecto industrial que passa longe do glamour. Os Estúdios Globo, no Rio, formaram uma cadeia produtiva complexa, com oficinas de cenografia, figurino, efeitos especiais e pós-produção que empregam milhares de pessoas e abastecem várias frentes de conteúdo. Ao mostrar esse maquinário no ar, a emissora tratou de valorizar quem fica atrás da câmera — do operador de luz ao motorista que garante a logística funcionar.
A data também serviu para dar pistas do próximo ciclo. A sinergia com o streaming é uma realidade; projetos que estreiam na TV aberta ganham vida longa em plataformas digitais, e o inverso também acontece. Experimentos de formato — temporadas mais curtas, séries procedurais de baixo custo, novelas com arcos capitulares — convivem com as sagas tradicionais. O público escolhe como ver, e a grade aprende a respirar nesse vai e vem.
Outra camada visível foi a preocupação com diversidade, regionalização e acessibilidade. Elencos mais plurais, histórias fora do eixo Rio-São Paulo, audiodescrição, Libras e legendas em tempo real apareceram não como concessão, mas como parte do pacote. O recado é pragmático: para falar com o Brasil inteiro, é preciso abrir espaço para o Brasil inteiro — na tela e nas equipes.
Num mercado em que o streaming fragmentou a atenção, apostar numa maratona linear de 60 horas é quase uma declaração de princípios. A Globo usou o aniversário como uma vitrine do que a TV aberta ainda consegue fazer como evento ao vivo, enquanto acopla a experiência a conteúdos sob demanda. Nostalgia ajuda a trazer gente de volta; novidade é o que mantém o interesse. A programação transitou entre as duas sem escorregar na autopromoção vazia.
Por trás das luzes, ficou um aprendizado útil para o setor: curadoria conta. Em vez de um desfile infinito de melhores momentos, a emissora montou uma narrativa — com aquecimento, miolo e clímax — que guiou a audiência pela história da casa e, ao mesmo tempo, entregou produto inédito. Se a TV aberta quer continuar relevante, precisa transformar memória em entretenimento presente. Foi isso que passou pela tela nessas 60 horas.
Fernanda Cussolin
agosto 24, 2025 AT 14:03Essa maratona foi um abraço coletivo na frente da TV. A Globo mostrou que ainda sabe fazer evento de verdade, sem precisar de algoritmo pra nos fazer sentir algo.
Rever o Vídeo Show com Cissa e Miguel foi como encontrar um velho amigo que nunca te abandonou.
Parabéns a toda essa galera que trabalha atrás das câmeras - vocês são os verdadeiros heróis.
Espero que isso vire tradição, não um evento isolado.
Brasil, nós ainda temos isso.
❤️
Joseph Leonardo
agosto 24, 2025 AT 23:58...E, no entanto... não é só isso... há um problema... sério... que ninguém quer encarar... a Globo ainda tem um viés... muito... muito... forte... de classe média... carioca... e isso... isso... limita... a representação... real... do Brasil...
Sim, o Show 60 Anos foi bonito... mas onde estão os artistas do Nordeste que não falam com sotaque de Rio? Onde está o interior? Onde está o povo que não vê a TV como um museu?...
É só um show... com muita luz... e pouca verdade...
...
Matheus Fedato
agosto 26, 2025 AT 15:28Parabéns à equipe da Globo por uma curadoria impecável. A escolha de não cair na armadilha do autoelogio foi inteligente e corajosa.
A inclusão de bastidores, a valorização das equipes técnicas e a integração com o digital demonstram maturidade editorial.
Os telefilmes, especialmente “Fábrica de Sonhos”, foram um acerto de estilo e conteúdo.
Além disso, a transição orgânica entre “Volta por Cima” e “Dona de Mim” foi um exemplo de narrativa televisiva coesa.
Um marco histórico para a TV brasileira.
Diego Gomes
agosto 27, 2025 AT 20:39Essa foi a primeira vez que vi uma emissora fazer um aniversário que não parece um comercial. A Globo entendeu que o Brasil não quer só nostalgia - quer conexão.
Quando o Globo Repórter mostrou o processo de restauração de imagens de 1970, eu chorei. Não por saudade, mas por respeito.
Isso aqui não é só TV. É memória viva. É cultura que se renova.
Se o Netflix quiser competir, que comece por aí: não basta ter conteúdo, tem que ter alma.
Parabéns, Brasil. Você merece isso.
Allan Da leste
agosto 29, 2025 AT 16:39Como alguém pode elogiar isso sem mencionar o fato de que a Globo ainda é a maior responsável pela desinformação no país? Sim, o Show 60 Anos foi lindo, mas e a cobertura da ditadura? E o silêncio sobre os casos de assédio? E a censura às vozes críticas? Você acha que um mosaico de artistas apaga o passado? Não. Ele apenas o embelezou.
Essa festa foi um disfarce de poder. E vocês estão caindo de braços abertos.
Se vocês realmente amam a TV brasileira, exijam transparência - não só luzes e música.
Joseph Sheely
agosto 30, 2025 AT 02:23Olha, eu fiquei emocionado com o Tony Ramos como Roberto Marinho. Não por ser um ator famoso, mas porque ele fez isso com tanta humanidade.
É isso que a gente quer: histórias que tocam, não só espetáculos.
Se a TV aberta quer sobreviver, é assim que tem que fazer - com carinho, com verdade, com o povo no centro.
Quem tá com a gente nesse time? Vem junto. A gente ainda tem muito a construir.
💪❤️
Carmen Lúcia Ditzel
agosto 30, 2025 AT 14:35Meu Deus, o momento em que o Cissa Guimarães falou sobre o primeiro Vídeo Show... eu tive que parar de trabalhar pra chorar. 😭
Isso aqui não é só TV, é a nossa infância, nossa adolescência, nossa vida.
Quem fez isso? Quem pensou em colocar o figurino da Xuxa ao lado do da Sônia Braga? Quem teve coragem de mostrar o trabalho da equipe de luz?
Essa é a TV que eu amo. A que faz a gente se sentir parte de algo maior.
Quero mais disso. Sem medo. Sem vergonha.
💖
Willian WCS
agosto 31, 2025 AT 17:32A maratona foi um exercício de memória coletiva bem feito. Não foi um tributo vazio. Foi uma declaração de intenções.
A Globo entendeu que o futuro não está em competir com o streaming, mas em se reinventar dentro da TV aberta.
Mostrar os bastidores não é um detalhe - é um ato de transparência. E isso é raro.
Quem acha que isso é só nostalgia, está enganado. Isso é estratégia cultural.
Parabéns pela clareza de propósito.
Bruno Brito Silva
agosto 31, 2025 AT 18:34Na esfera da comunicação mediática, a celebração dos sessenta anos da TV Globo representa um fenômeno sociocultural de grande relevância. A emissora, ao integrar narrativas históricas com produções contemporâneas, operou uma síntese dialética entre tradição e inovação. A valorização do trabalho técnico, a inclusão de elementos regionais e a articulação entre meios lineares e digitais configuram um paradigma de sustentabilidade comunicacional. Tal empreendimento, longe de ser um mero evento de marketing, revela uma consciência profunda da função pública da mídia. É, portanto, um marco epistemológico no campo da televisão brasileira.
Luciano Hejlesen
agosto 31, 2025 AT 23:26Se você não viu o making-of do Show 60 Anos no Globoplay, tá perdendo o melhor conteúdo da maratona.
Os caras da iluminação contaram que fizeram 1200 ajustes de luz só pra um número musical. Eles usaram sensores de movimento pra sincronizar com os dançarinos - tipo o que a Apple faz no iPhone, mas em escala nacional.
Isso aqui é produção de nível AAA. Ninguém mais no Brasil faz isso.
E o mais louco? Tudo foi feito com equipe 100% brasileira. Nada de outsourcing. Nada de aluguel de estúdio em Portugal.
Se você acha que TV aberta tá morrendo, tá vendo errado.
💥
José Henrique Borghi
setembro 2, 2025 AT 23:05Eu vi o telefilme Coisa de Novela e fiquei pensando como é difícil fazer alguém acreditar que um ator é um vilão se o cenário tá todo falso e o figurino é de 2005
Como é que eles conseguem manter isso vivo por tanto tempo
Como é que o público aceita
Como é que a gente se emociona com isso
É mágica ou é trabalho
Eu não sei
Soa como mentira mas vira verdade
Isso é o que a TV faz
É isso
É tudo isso
Peterson Sitônio
setembro 4, 2025 AT 20:34Se vocês acham que isso foi incrível, esperem até verem o que a Record vai fazer em 2026. Eles já estão comprando os direitos de 15 novelas da Globo dos anos 90 e vão fazer um especial com atores de dublagem. É o próximo nível. A Globo foi só o aquecimento. O verdadeiro show tá chegando. E eu vi o briefing. É épico. Vocês não sabem o que vem por aí. 🚀