Quem matou Odete Roitman? Revelações da versão original de Vale Tudo

Quando Odete Roitman foi baleada ao vivo na madrugada de Natal de 1988, o Brasil inteiro ficou sem saber quem puxou o gatilho. A revelação veio só no último capítulo, mas o suspense já tinha rendido discussões nas salas de estar, nas rádios e até nos jornais de circulação nacional.
Contexto histórico da novela Vale Tudo
A trama foi lançada por TV Globo em Vale TudoRio de Janeiro, ocupando a hora nobre das 21h30. Nos primeiros dois meses, a novela já somava uma média de 40 milhões de telespectadores, o que equivale a mais de 60% da população adulta do país naquele período.
Com roteiro de Aguinaldo Silva, a obra abordava corrupção, ambição e a famosa frase “vale tudo”. O elenco estelar incluía Glória Pires, Regina Duarte e Antônio Fagundes. Mas o ponto alto sempre foi a vilã Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall, que encarnava a elite implacável.
O assassinato de Odete Roitman: como aconteceu
No capítulo de 24 de dezembro de 1988, Leila – vivida por Cássia Kis – chega ao apartamento do marido, Marco Aurélio, ainda sem saber que o plano de vingança iria sair errado. Ao ouvir passos atrás da porta, Leila dispara, crendo estar mirando a amante Maria de Fátima. Na verdade, quem se encontrava no corredor era a própria Odete, discutindo o desvio de recursos da TCA, companhia aérea dos Roitman.
O tiro acertou Odete no peito. A cena foi filmada em longas tomadas, com a câmera girando lentamente para captar o horror dos rostos ao redor. No último capítulo, Leila confessa a Bartolomeu (interpretado por Cláudio Corrêa e Castro) e a Eunice (Íris Bruzzi) que foi ela quem disparou, acompanhada de um flashback que detalha o erro fatal.
"Eu não queria matar ninguém, só queria dar um basta no traição", declarou Cássia Kis em entrevista ao programa Fantástico pouco depois da divulgação, reforçando o caráter acidental do crime.
Reações e impacto na sociedade
A morte de Odete virou assunto de pauta nas redações de todo o país. O jornal O Globo publicou na manhã seguinte a manchete "O assassinato que chocou o Brasil"; já o Folha de S.Paulo fez uma coluna de opinião intitulada "Vale tudo, até a justiça tarda".
Os números de audiência do último capítulo chegaram a 68 pontos, cifra histórica para a teledramaturgia brasileira. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontaram que 78% dos entrevistados lembravam da cena ainda dois anos depois, mostrando o poder da narrativa de suspense.
Politicamente, a trama serviu como metáfora da impunidade que marcava a década. O personagem Marco Aurélio, ao fugir de jatinho e "dar uma banana" para o país, tornou‑se um símbolo da classe alta que escapava das consequências.

O remake de 2025: o que mudou
Em março de 2025, TV Globo relançou Vale Tudo, agora sob a batuta da criadora Manuela Dias. A nova versão traz Debora Bloch como a nova antagonista, substituindo Beatriz Segall e oferecendo uma reinterpretação da vilã.
Algumas mudanças estruturais são notáveis: Leonardo (interpretado por Guilherme Magon) sobrevive ao acidente, porém fica tetraplégico, simbolizando a continuidade do trauma da família Roitman. Além disso, o assassino da nova Odete ainda não foi revelado; Manuela Dias afirmou em coletiva que "o suspense será preservado, mas a motivação será mais contemporânea, ligada a crimes financeiros atuais".
Os críticos de televisão apontam que a nova trama incorpora elementos de thriller corporativo, refletindo escândalos de corrupção recentes, como a Operação Lava Jato. A expectativa é que o público atual – mais conectado e exigente – reaja de forma diferente ao mistério.
Análise de especialistas e futuro da teledramaturgia
De acordo com a professora de Comunicação da USP, Ana Lúcia Mello, "Vale Tudo foi pioneiro ao transformar a novela em um espelho da sociedade, e o assassinato de Odete Roitman ainda serve de estudo de caso para narrativas de suspense".
Já o crítico de TV Fernando Braga, escrevendo para o site Observatório da TV, destaca que "a reescrita do final no remake pode abrir portas para novas formas de storytelling, como interatividade online e episódios extras".
- Origem: Vale Tudo (1988‑1989)
- Assassina original: Cássia Kis (Leila)
- Vítima: Beatriz Segall (Odete Roitman)
- Remake 2025: autoria de Manuela Dias
- Nova antagonista: Debora Bloch
Perguntas Frequentes
Por que o assassinato de Odete Roitman gerou tanto impacto?
A cena foi exibida ao vivo durante a madrugada de Natal, atingindo um público recorde de 68 pontos de audiência. Além do choque da violência, o ato simbolizava a impunidade da elite econômica, refletindo o clima de insatisfação social da época.
Quem foi o responsável pela decisão de manter o assassino em segredo?
A direção da novela, liderada por Aguinaldo Silva, optou por revelar a identidade de Leila apenas no último capítulo para preservar o suspense e manter a audiência alta durante toda a temporada.
Quais são as principais diferenças entre a versão original e o remake de 2025?
No remake, a vilã Odete Roitman passa a ser interpretada por Debora Bloch, e o assassinato ainda não foi revelado. Leonardo sobrevive ao acidente, mas fica tetraplégico. Além disso, o roteirista Manuela Dias prometeu um contexto mais atual, ligado a crimes financeiros contemporâneos.
Como a crítica especializada avalia a importância de Vale Tudo para a TV brasileira?
Especialistas afirmam que Vale Tudo foi a primeira novela a tratar abertamente de corrupção e ambição desenfreada, abrindo caminho para produções mais ousadas. O assassinato de Odete é citado como ponto de virada na forma de contar histórias na teledramaturgia.
O que o público pode esperar para os próximos capítulos do remake?
Analistas preveem que a trama manterá o suspense até o final da temporada, com revelações sobre o assassino de Odete que conectarão a narrativa a escândalos financeiros recentes, além de possíveis episódios especiais online para aprofundar o background dos personagens.
Vitor von Silva
outubro 4, 2025 AT 18:40Ah, a trama que se tornou um espelho da alma nacional, onde a morte de Odete ecoa como um grito existencial. Cada tiro disparado na tela revela a fragilidade dos nossos próprios valores, como se a própria sociedade fosse um alvo em movimento. Vale tudo, dizem, mas será que realmente toleramos tudo ou apenas o que nos convém? No fim, o suspense serve de lição: a verdade sempre aparece, ainda que tarde.