Petição exige retirada de Adam Lambert de show de Réveillon em Cingapura por orientação sexual

Petição exige retirada de Adam Lambert de show de Réveillon em Cingapura por orientação sexual nov, 22 2025

Quase 19.000 pessoas assinaram uma petição online pedindo a retirada do cantor americano Adam Lambert do show de Réveillon em Cingapura, alegando que seu estilo de vida é "sexualizado" e que tem vínculos com a cultura LGBT. O evento, organizado anualmente em 31 de dezembro na cidade-estado asiática, ainda não confirmou se Lambert permanecerá no line-up — e a pressão cresce enquanto a data se aproxima. A resposta do artista, confirmada pela Pressparty, permanece sem detalhes, mas o clima político e cultural em torno da decisão já expôs profundas divisões na sociedade cingapurense.

Uma petição que cresceu como fogo em palha

A petição contra Adam Lambert começou a circular sem data exata, mas em apenas dois dias já havia superado 7.400 assinaturas, segundo o The Straits Times. Em poucas semanas, o número saltou para 14.500, conforme relatado pelo The Telegraph, e chegou a 18.999, quase 19 mil, conforme confirmado pela Gephardt Daily. O ritmo foi acelerado por posts virais em redes sociais, onde usuários acusavam o cantor de "promover imoralidade" e de ser "inapropriado" para um evento familiar. A linguagem usada pelos signatários — descrita como "filthy" (sujo) pelo The Telegraph — revela um tom moralista que vai além de críticas artísticas e toca em questões de identidade e valores religiosos.

Um contraponto quase invisível

Enquanto a campanha de rejeição ganhava força, uma petição de apoio a Adam Lambert surgiu — mas com apenas 93 assinaturas, segundo a Nation Thailand. Essa disparidade não é apenas numérica: ela reflete uma realidade mais profunda. Enquanto os detratores se mobilizam com base em crenças conservadoras, os defensores da diversidade parecem menos organizados, ou talvez, menos dispostos a se expor publicamente em um país onde, apesar da revogação da Lei 377A em 2022, o debate sobre direitos LGBT ainda é delicado. O fato de que a petição pró-Lambert não chegou nem perto de 1% da oposição mostra como o medo ou a apatia podem silenciar vozes progressistas.

Quem são os organizadores? E por que eles permanecem em silêncio?

Nenhum dos veículos menciona o nome da empresa ou entidade responsável pelo show de Réveillon em Cingapura. É um silêncio estratégico? Ou apenas falta de transparência? Em um país onde o governo frequentemente intervm em eventos culturais para "manter a ordem moral", a ausência de declaração oficial é, por si só, um sinal. O Ministério das Comunicações e da Informação, ou o Conselho Nacional de Artes — entidades que normalmente avaliam conteúdos para eventos públicos — não emitiram nenhum comentário. Isso deixa a decisão nas mãos de quem? Dos patrocinadores? De um comitê interno? A incerteza alimenta especulações: será que o governo está pressionando discretamente para retirar Lambert? Ou os organizadores estão esperando para ver se a pressão desaparece?

Adam Lambert: mais que um cantor, um símbolo

Adam Lambert, conhecido internacionalmente por sua voz poderosa e performance teatral, nunca escondeu sua orientação sexual. Desde que surgiu no American Idol em 2009, ele se tornou um ícone para muitos jovens LGBT em todo o mundo. Em Cingapura, onde a visibilidade LGBTQ+ ainda é limitada em espaços públicos, sua presença no palco do Réveillon poderia ser vista como um gesto de inclusão — ou, para muitos conservadores, como uma provocação. O que os signatários da petição não dizem, mas que está implícito, é que não querem ver um homem gay dançando, cantando e se movendo com liberdade em uma celebração nacional. É um desejo de apagar, não de criticar.

Por que isso importa para todos nós?

Cingapura é um país que se vende como moderno, global e próspero — mas suas leis e normas sociais ainda carregam o peso do passado. A revogação da Lei 377A, que criminalizava relações homossexuais, foi um passo histórico — mas a mudança legal não garantiu mudança cultural. O que está em jogo aqui não é apenas um show de Réveillon. É o direito de existir publicamente. É a permissão para que artistas sejam quem são, sem ter que se desculpar por sua identidade. Se Cingapura ceder à pressão de 19 mil pessoas, estará enviando uma mensagem clara: que a cultura é negociável, e que o corpo e a sexualidade de algumas pessoas ainda não são bem-vindos nos espaços públicos.

O que vem a seguir?

Com menos de uma semana para o Réveillon, tudo ainda está em suspenso. Se Adam Lambert subir ao palco, será um ato de coragem — e provavelmente um marco na história cultural da cidade. Se ele for retirado, será um recuo significativo, e os movimentos de direitos humanos em Cingapura enfrentarão um novo obstáculo. Ainda não há indícios de protestos físicos, mas a mobilização online já é um sinal de que a juventude cingapurense, conectada e consciente, está começando a se organizar — mesmo que em silêncio.

Frequently Asked Questions

Por que a petição contra Adam Lambert cresceu tão rápido?

A petição ganhou força por conta de redes sociais, onde conteúdo sensacionalista e moralista se espalha rapidamente. Muitos signatários não conhecem o trabalho de Lambert, mas reagem ao rótulo de "sexualizado" e à associação com a comunidade LGBT. A falta de diálogo público e a ausência de lideranças religiosas ou governamentais desafiando o discurso conservador permitiram que a narrativa dominasse.

Qual é a situação legal de pessoas LGBT em Cingapura hoje?

Embora a Lei 377A tenha sido revogada em 2022, criminalizando anteriormente relações homossexuais entre homens, a sociedade ainda é profundamente conservadora. Casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo não são reconhecidos, e a educação sobre diversidade sexual é limitada. O governo mantém uma postura de "tolerância limitada" — não persegue, mas não protege ativamente. Isso cria um vácuo onde o preconceito pode se manifestar como "opinião pública".

Adam Lambert já enfrentou esse tipo de resistência antes?

Sim. Em 2013, ele foi retirado de um show na Arábia Saudita por pressão de grupos conservadores. Em 2019, houve protestos contra sua apresentação em Dubai. Em todos os casos, ele respondeu com mensagens de apoio à comunidade LGBT, sem ceder às pressões. Sua postura consistente tornou-o um símbolo de resistência pacífica — e, por isso, ainda mais ameaçador para quem vê a diversidade como uma ameaça.

O que os organizadores do evento têm a perder ou ganhar?

Se mantiverem Lambert, correm o risco de perder patrocinadores conservadores e enfrentar críticas públicas. Mas se o removerem, perdem credibilidade internacional, alienam turistas e jovens, e reforçam a imagem de um país que teme a expressão cultural. Em termos de audiência global, um show com Adam Lambert poderia atrair milhões de espectadores online — algo que a cidade-estado valoriza como parte de sua identidade como hub cultural.

Existe algum precedente de artistas LGBT sendo banidos em Cingapura?

Não há casos documentados de artistas sendo formalmente banidos, mas há vários exemplos de shows cancelados ou alterados por pressão. Em 2018, o cantor britânico George Michael teve seu show em Cingapura modificado para evitar coreografias "muito ousadas". Em 2021, uma banda indie foi impedida de usar símbolos LGBT em seu palco. Esses casos não são legais, mas práticas de autocensura que se tornaram comuns.

Como os cidadãos cingapurenses estão reagindo fora das petições?

Muitos estão se mobilizando em grupos privados, chats de WhatsApp e fóruns anônimos, pedindo apoio a Lambert. Um movimento chamado #LetAdamSing começou a circular entre universitários e profissionais jovens, com vídeos de apoio e campanhas de arrecadação para doações a organizações LGBT locais. Ainda que silenciosas, essas ações mostram que a mudança não vem apenas de manifestações, mas de pequenos atos de coragem coletiva.