Ambipar garante medida cautelar e suspende pagamentos de dívida em crise de R$ 11 bilhões

Ambipar garante medida cautelar e suspende pagamentos de dívida em crise de R$ 11 bilhões set, 26 2025

Ambipar recebeu, nesta segunda‑feira, uma medida cautelar do 3º Vara Empresarial do Rio de Janeiro, concedida pelo juiz Leonardo de Castro Gomes. A ordem impede que credores cobrem dívidas por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30. Na prática, a empresa tem um respiro para reorganizar as finanças antes que cláusulas de cross‑default ativem pagamentos acelerados.

Entenda a medida cautelar

A medida funciona como um escudo temporário. Ela suspende contratos que poderiam antecipar vencimentos e bloqueia execuções de garantias, dando à Ambipar tempo para negociar com bancos, fornecedores e investidores. Quatro administradores judiciais foram nomeados para acompanhar o processo, assegurando que nenhuma parte fuja da responsabilidade.

O caso se agravou depois que operações de derivativos atrelados a green bonds apresentaram fortes variações de preço. Ao invés de proteger a caixa, essas posições geraram perdas que foram diretamente refletidas nos demonstrativos da companhia, disparando temores de falência imediata.

Um dos pontos críticos envolve a dívida de US$ 119 milhões com o Santander, que vencia às 14h de 25 de setembro. Essa obrigação foi congelada pela medida, evitando que o banco acionasse garantias ou forçasse a empresa a entrar em litígio.

Além do Santander, o Deutsche Bank também está sob suspeita. Investigações internas apontam que um ex‑executivo teria assinado um aditamento contratual de forma fraudulenta, o que pode gerar novos passivos ou multas.

O que pode mudar para a Ambipar

O que pode mudar para a Ambipar

Antes da medida, a empresa já atravessava um período intenso de mudanças na alta gestão. O CFO João Daniel Piran de Arruda pediu demissão na noite de 22 de setembro, três dias antes da solicitação judicial, e foi substituído por Ricardo Rosanova Garcia. A troca indica tensão interna e a necessidade de nova estratégia financeira.

Financeiramente, a Ambipar se tornou altamente alavancada após 42 aquisições entre 2020 e 2022, logo após seu IPO. Quando a taxa de juros começou a subir, o custo do capital disparou, levando o endividamento líquido a quase R$ 6 bilhões no fim do segundo trimestre, com um leverage de 2,56 vezes o EBITDA anualizado.

No mercado de ações, a reação foi brutal: as ações AMBP3 despencaram 24,24%, caindo para R$ 7,50, o que equivale a uma perda de cerca de R$ 4 bilhões em valor de mercado. Analistas apontam que, se a empresa não conseguir renegociar suas dívidas, pode estar caminhando para um processo de recuperação judicial.

Os executivos da Ambipar afirmam que já estão em "conversas positivas" com credores, buscando um acordo que preserve os negócios e evite um colapso total. A expectativa é que a medida cautelar seja usada como ponte para um eventual plano de recuperação, que costuma ser menos custoso e mais rápido que um processo de falência tradicional.Para os investidores, o principal ponto de atenção agora é se a empresa conseguirá obter condições mais favoráveis nos seus contratos de dívida e se os administradores judiciais vão aprovar um plano de reestruturação que contemple a continuidade das operações.

Enquanto isso, o setor de gestão de resíduos observa de perto, já que a Ambipar responde por grande parte da capacidade instalada do país. Uma eventual falência poderia deixar lacunas na cadeia de coleta e tratamento de resíduos, afetando não só clientes corporativos, mas também a política ambiental nacional.

14 Comentários

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    Caio Malheiros Coutinho

    setembro 27, 2025 AT 00:53
    Essa empresa tá na mão do Estado e ainda quer manter o controle. Não adianta pedir prazo, tem que cortar o que tá podre.
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    Quézia Matos

    setembro 27, 2025 AT 04:33
    Acho que temos uma chance real de recuperação se os administradores forem sérios e não deixarem os bancos mandarem no jogo. Vai dar certo, confio
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    Stenio Ferraz

    setembro 27, 2025 AT 06:00
    Ah, sim... mais uma empresa brasileira que transforma a crise em peça de teatro corporativo. Quatro administradores judiciais? Que luxo! Enquanto isso, o EBITDA vira pó e os acionistas choram no banheiro. Onde está o plano B? Ou será que o plano B é só esperar o governo salvar o nome da marca?
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    Letícia Ferreira

    setembro 28, 2025 AT 20:50
    É importante lembrar que a Ambipar não é só um balanço financeiro, é um monte de gente que trabalha lá, que depende desse emprego, que tem família, dívidas, filhos na escola. A medida cautelar não é um favor, é um lastro social. Se a gente só olha para os números, esquece que por trás de cada dívida tem um ser humano tentando sobreviver. E isso não pode ser ignorado só porque o mercado gosta de sangue
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    Iago Moreira

    setembro 30, 2025 AT 07:10
    24% de queda no valor de mercado?! Isso não é crise, isso é um tsunami com nome de empresa. Eles nem sabem mais o que é lucro, só lembram do que é juros compostos. E agora vem com essa história de ‘conversas positivas’... cadê o plano real, ou é só discurso de happy hour?
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    Ricardo Megna Francisco

    outubro 1, 2025 AT 07:14
    Interessante ver como o mercado reage. A dívida com o Santander foi congelada, mas o problema é estrutural. Acho que o caminho é reestruturação, não adiamento.
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    Vanessa Avelar

    outubro 2, 2025 AT 18:45
    Tá tudo maluco mesmo.
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    Emily Medeiros

    outubro 3, 2025 AT 05:33
    O pior é que isso tudo poderia ter sido evitado se tivessem parado de comprar tudo que tava no mercado... 42 aquisições em dois anos? Sério? Isso não é crescimento, é loucura com cartão de crédito. E agora o CFO sai e o novo tá tentando apagar fogo com gasolina. Acho que a gente tá vendo o fim de uma era
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    Debora Silva

    outubro 3, 2025 AT 19:56
    Tudo isso é só porque o dinheiro tá caro. Se o juro caísse, tudo voltava ao normal. O problema não é a empresa, é o sistema
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    Breno Pires

    outubro 3, 2025 AT 22:09
    A suspensão de dívidas, embora tecnicamente válida, não resolve a falha estrutural de governança corporativa. A alta gestão demonstrou incapacidade de gerenciar alavancagem em ambiente de juros crescentes, o que exige intervenção mais profunda que uma medida cautelar.
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    Ruy Queiroz

    outubro 4, 2025 AT 00:24
    Isso aqui é um circo, mas um circo com dinheiro de verdade... e o pior é que ninguém tá olhando pro palco certo. Eles estão focados nos derivativos e nos green bonds como se fosse magia, mas o problema é que o negócio principal tá morrendo de fome! Eles esqueceram que são uma empresa de serviços, não um fundo hedge disfarçado!
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    Paulo Gauto

    outubro 4, 2025 AT 03:36
    Eles não são vítimas... eles são parte do sistema. Essa medida foi comprada com dinheiro sujo. O Santander e o Deutsche Bank sabiam que isso ia dar errado. E o ex-executivo? Claro que foi fraudulento. Tudo isso é uma farsa montada por banqueiros e políticos. O povo paga, o poder continua. A verdade é que isso aqui é um golpe organizado. E ninguém vai falar disso.
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    Wagner Triska JR

    outubro 5, 2025 AT 19:10
    A Ambipar virou um filme de terror com orçamento de bilhão. E o pior? A plateia tá aplaudindo. Enquanto isso, os funcionários vão ser jogados na rua, os fornecedores vão quebrar, e os executivos vão sair com golden parachute e um novo cargo na próxima empresa que vai repetir o mesmo erro. É o ciclo perfeito da ganância brasileira.
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    Caio Malheiros Coutinho

    outubro 6, 2025 AT 19:31
    Se o governo não intervir de verdade, isso vira um vazio. E o povo paga de novo.

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